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Contratar ou terceirizar: Qual o modelo ideal para sua empresa?

Para a tomada de decisão, é preciso analisar impactos operacionais e financeiros dos dois formatos

Nos últimos anos, a discussão entre montar uma equipe interna e terceirizar tarefas tem sido bastante intensa. Primeiro, porque a Lei 13.429/2017 flexibilizou a terceirização também para atividades-fim, que não era permitida até então pela Justiça do Trabalho. Segundo, porque os novos modelos de negócios envolvendo startups, empresas digitais e ambientes de coworking têm colaborado para um trabalho mais flexível.

Nesse cenário, como decidir entre contratar um colaborador e terceirizar parte do serviço? Para ajudar você, o analista do Sebrae Minas Bruno Rodrigues Faria faz uma analise sobre as implicações operacionais e financeiras entre os dois formatos de trabalho.

Impactos operacionais

Controle e acompanhamento: para quem gosta ou precisa monitorar de perto as atividades desenvolvidas, trabalhar com equipe interna oferece vantagens. Dessa forma, é possível imprimir o seu estilo de gestão, ter mais informações sobre a execução da tarefa e exercer um controle em tempo real do desempenho para propor melhorias. Quando o resultado final é mais importante que a maneira de fazer, terceirizar pode ser um caminho viável.

Serviços especializados: o pequeno empresário tem dificuldade em manter fixa mão de obra altamente especializada, seja pelo seu uso não contínuo ou pelo custo alto. Nessas funções, a terceirização pode ser bem-vinda, permitindo ao empresário ter uma rede de profissionais qualificados e utilizá-la no momento necessário.

Flexibilidade e ociosidade: caso o negócio esteja em ritmo acelerado de crescimento ou produção, a equipe interna consegue entregar maior aproveitamento do tempo, gerando o efeito de ganho de escala. Para empresas com sazonalidade forte ou em momentos de instabilidade, os terceiros podem ajudar a absorver a demanda sem gerar ociosidade, já que, muitas vezes, trabalham por hora ou produção. Os profissionais são, portanto, mais indicados em cenários que exigem maior flexibilidade da estrutura de pessoal.

Foco estratégico: a rotina do empreendedor é bastante turbulenta, já que ele é responsável por gerenciar tudo que acontece no negócio. Utilizar serviços de terceiros pode desafogar as rotinas mais repetitivas e permitir a atenção aos processos essenciais, aliviando a cabeça do empreendedor para decisões mais importantes. Também é possível ter colaboradores internos que ajudem a descentralizar as funções, mas isso exigirá um tempo de treinamento e aprendizado para funcionar bem.

Comprometimento: nesse aspecto, o serviço terceirizado é muito focado na entrega da demanda em troca do valor recebido. A sua contribuição é limitada ao que foi combinado. Caso o empresário desenvolva uma equipe interna que compartilhe a missão e os valores do negócio, pode ter benefícios com a dedicação mais completa à empresa. Uma boa equipe gera novas ideias, ajuda os pares e colegas de outros setores, alimenta o empreendedor com informações diferentes e pode desenvolver mais facilmente o espírito de melhoria contínua para ganhos de eficiência e escala. Tudo depende do perfil desenvolvido pelo líder.

Impactos financeiros
Um dos maiores motivos pelos quais as empresas buscam a terceirização é reduzir gastos. Mas será que sai realmente mais barato? O que levar em conta na hora do planejamento financeiro?

Custos diretos: é preciso analisar o custo do trabalho a ser feito. Um funcionário de uma pequena empresa no Simples Nacional gera de encargos básicos um valor entre 35% e 40% do seu salário. Pode haver variações de acordo com o anexo de enquadramento, com o faturamento e com adicionais (como plano de saúde, adicional noturno, entre outros). Para empresas no Lucro Presumido ou Real, esse valor, muitas vezes, pode dobrar o custo de mão de obra. Na terceirização, o terceirizado recolhe esses tributos e repassa no preço, acrescentando ainda o lucro da empresa dele. Por isso, normalmente o custo de um terceirizado (devidamente regularizado) costuma ser até um pouco maior do que o do colaborador direto. No entanto, é possível ter ganhos financeiros nos serviços de terceiros, pois estamos trocando um gasto fixo de funcionário por um gasto variável por produção. Isso significa que, se o rendimento do colaborador não estiver adequado, as horas não produtivas podem sair mais caras que o valor cobrado pelo terceiro, e é nesses casos que essa opção ganha destaque.

Custo indiretos: uma equipe interna necessita de estrutura para trabalhar, como equipamentos, computadores e materiais. Temos que gastar também para fazer uma boa seleção e treinar essa pessoa. Ao terceirizar, isso deixa de ser responsabilidade da empresa, na maioria dos casos. Por isso, pode-se utilizar bastante esse serviço para evitar novos investimentos de capital e expansão da estrutura, sem que se tenha segurança que valerá a pena no longo prazo. Em contrapartida, deve-se ter o cuidado com a contratação do terceiro, pois sua falta de adequação trabalhista pode gerar risco de multa para a empresa contratante, em que a lei ainda indica casos de responsabilidade subsidiária. Por isso, é importante conhecer o profissional a se terceirizar e regulamentar a relação entre as partes com um contrato.

E aí, vale ou não?
De acordo com o analista do Sebrae Minas, usar a terceirização para tentar reduzir custos deve ser considerado, principalmente em momentos de instabilidade. Evitar gastos de natureza fixa gera um fôlego para o negócio, mas nem sempre isso vai ocorrer, pois depende do rendimento dos colaboradores e da função a ser terceirizada. A dica final é não pensar só no financeiro: o operacional tem impactos até maiores no seu negócio. Portanto, ao decidir entre as duas opções, avalie o que é melhor para a estratégia da empresa!